terça-feira, 3 de junho de 2014

Tire-me as vestes
Tire-me os lugares
Tire-me frágeis utopias...
Mas os devaneios não. Estes são meus, só meus. Minha mais liberta forma de lidar com os maus do mundo. Minha liberdade, meu mundo romântico, sonhador, afetivo, de respeito e igualdade...
Os devaneios, não!
Não me tire os devaneios.
Me afundo em você
Em versos mudos
Em berros chorosos
Em manhãs preguiçosas
Em abraços saudosos.
Me afundo em você
Em colo adequado
No cheiro que me acalma
Na ira que me atiça
No amor que me cala.
Me afundo em você.
Me afundo em você.
Do raso ao fundo...
Só tem você.

Como em oração

Sou uma contravenção do tempo
Contra a aversão do tempo
Contingentemente pioneira
Rumores não me abatem.

Sou uma peça pregada em mim
Contemporaneamente suspeita
Sobrepostamente docente
D’uma versão ligeira

Vir numa brisa passageira
Sentada ao encosto de uma palmeira
Só serviu-me de esteira
Para toda balbúrdia alheia

Num passado remoto
Onde com folhas no chão e terra nos pés fui criada
O doce vão da liberdade confirmava
Que o mundo lá fora, nada de bom me falava.

Com a destreza, gentileza, estranheza, me fiz amigável
Vi-me invadir de botões de flores murchas e mendiguentas
Fiz meu reinventar de cada brisa que viria a me acariciar
E agora cá no meu lugar, devagar ouso a vagar e equilibrar e adocicar.

Foi feito meu equilíbrio.
Suspeito de desequilíbrio
Feito dançarino na corda bamba. Daqueles com flores nas mãos
E gratidão no coração.